A natureza polissêmica da sabedoria permite que consigamos ganhar uma satisfação mental positiva quando temos acesso a ela. A leitura de uma frase dita “sábia” nos traz uma sensação de satisfação, geralmente reforçando nossas crenças e verdades fundamentais.
Todo reforço às nossas crenças gera mensageiros positivos no cérebro, no entanto, o preço destes mensageiros é o mesmo do apego: após as funções pulsionais atuarem via metabolismo, o cérebro cobrará um novo reforço. Ir a Igreja toda semana, fazer aquela massagem toda semana, ir a um mesmo evento toda semana, participar de reuniões de grupo toda semana, parece uma escolha de nosso livre arbítrio, mas na maioria das vezes, é uma imposição inconsciente das nossas causações em busca da descarga realizada pelo reforço de nossas crenças.
Qual então a diferença entre uma sabedoria que reforça nossas ilusões e uma sabedoria que nos retira dela e nos cura? Parece haver nitidamente uma diferença entre elas. Existe sim uma sabedoria que pode nos curar tanto a nível mental como a nível físico. E existe sim, uma sabedoria, que apenas reforça nossas ilusões. A primeira, ajusta nossa realidade com o Real, e nos cura, a segunda, reforça nossas ilusões imaginárias. Veremos hoje, neste artigo, as principais diferenças entre elas.
O mundo simbólico lógico nos traz a ciência do conhecimento, ou simplesmente, a ciência. No entanto, existe uma outra vertente que nos leva ao “saber” não ao “conhecer”. Esta seria a vertente da ciência da sabedoria, produto do empirismo, práticas e ensinamentos, ao invés, como no conhecimento, de teorias e teses. Nem tudo que se sabe, pode ser conhecido. Reflita bem sobre esta última frase.
No passado, a sabedoria tinha predominância sobre o conhecimento, isso em todas as áreas. Uma pessoa que sabia construir um castelo não utilizava matemática nem engenharia para isso. Apenas aprendeu com seu professor e aperfeiçoou sua prática. A própria medicina não tolerava os teóricos do conhecimento. Só depois de muitas reviravoltas, inclusive econômica e religiosa, que o conhecimento ganhou predominância sobre a sabedoria.
A luta religiosa pela detenção única da verdade baniu ambas as ciências. No entanto, o avanço do conhecimento tornou-se irrefutável até o ponto de não ser mais possível se opor a ele. Por outro lado, a ciência da sabedoria foi toda ela rotulada como charlatã, e por razões econômicas, o conhecimento se uniu a religião e baniu qualquer sabedoria que não seja endossada ou pela ciência ou pelas religiões.
Neste momento da história, deixamos de ver o mundo como ele é, através da sabedoria, e passamos a ver o mundo como um modelo, através de alguma religião e pela ciência. O mundo era, é e continuará sendo, independente do que o ser humano acredite ou pense sobre ele. Nenhuma estrela nem um sol nem uma nuvem mudará de lugar porque eu acredito nisso ou naquilo. Por outro lado, trocar o acordar de mais um lindo dia pela manhã, por uma terça-feira dia X, nos limitou a ponto de causar doenças mentais. Pois, trocamos o mundo como ele é e passamos a viver em um que só existe em nossa mente, e que como sabemos, favorecendo a muitos poucos.
Saltemos agora para o mecanismo mental que sustenta toda este processo. Uma crença ou verdade fundamental sempre estará viva em seu cérebro representada por alguns neurônios ontológicos. As pessoas querem acreditar que o dado objetivo externo tem que ser verdadeiro no sentido científico ou existencial para que uma crença seja válida e possa gerar frutos. Mas dentro da mente as coisas funcionam um pouco diferente.
Se por algum motivo alguém em sua infância receber o treinamento que uma árvore específica X tem o poder de salvar o mundo, aquilo será bastante representativo em sua mente. Toda vez que esta pessoa, na fase adulta, se aproximar desta árvore, terá descarga maciça dos neurônios biológicos, gerando uma satisfação. E ela, como todos os seguidores da árvore, atestarão, com razão, que ela as fazem bem.
Por outro lado, este processo é o mesmo do apego. Ou seja, como ele não está fundamentado nas marcas da existência e da consciência, ele é fruto de um objeto externo, mapeado com força emocional poderosa através de um neurônio ontológico. E isso significa uma energia suficiente para se tornar pulsional. Tornado-se pulsional este neurônio ontológico de tempos em tempos, dependendo do seu delta, obrigará sua mente a obter nova satisfação (repetitivas).
Este processo de apego só poderá ser modificado, não pela verdade absoluta, e sim, e simplesmente, por outro objeto de apego que consiga fazer uma transferência energética positiva do neurônio ontológico anterior para esta nova crença. Ou seja, quando trocamos algo em nossa mente, seja uma crença religiosa, seja de faculdade, seja de relacionamento amoroso, ou qualquer outra coisa, o fazemos por algo que mentalmente está nos dando mais satisfação que o anterior, e nunca, nunca pela abstração de uma verdade.
E onde entra a ciência da sabedoria? Ela entra esvaziando justamente suas verdades fundamentais, ao invés de reforça-las ou criar uma outra. O processo de geração de consciência, via as marcas da existência, permite retirar a força das verdades fundamentais. Ou seja, o mecanismo de gangorra do apego perde sua validade. Nossas verdades fundamentais são os tiranos de nossa mente. Querem sempre que a sigamos, e quando não o fazemos, ela nos penaliza com mensageiros negativos no cérebro.
Portanto, acreditar em coisas sem fundamento ou ilusões podem sim gerar bastante sofrimento e angústia. Quanto mais estamos distantes do Real e acreditamos em nossa realidade, mais sofremos. Precisamos ajustar nossa realidade ao Real, e fazemos isso, não achando as verdades fundamentais que realmente são verdadeiras, e sim, esvaziando todo este processo de verdade fundamental. Parece fácil, mas não é. Por traz das verdades fundamentais estão nossos apegos, prazeres, desejos e todo uma série de representações pulsionais que jamais e em tempo algum queremos abrir mão.
A sabedoria que cura é, portanto, aquela capaz de esvaziar nossas verdades fundamentais, ao invés, de reforçá-las. Um neurônio ontológico que deixou de ser verdade fundamental deixa de ser pulsional. E com isso, deixa de causar angústia e sofrimento pela distância ou pela perda. E além disso, perde o poder de nos impor uma causação (tenho que fazer a coisa X). Este neurônio em especial é dito ser desperto. Pois, deixou de sofrer a influência do mundo externo, e serenamente, trocou o simbólico pela vida. Deixou de viver em um modelo para viver no Real.
Todo este mecanismo encontra-se descrito em nossos vídeos. Lá além de explicá-lo em detalhes, trazemos inúmeras orientações, práticas, ensinamentos e dicas de como sair destes processos. Sugerimos fortemente o leitor a entrar em contato com nossos vídeos.
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A Sabedoria pode curar?

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